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21/07/2011

Alimentos e bebidas são maiores culpados por puxar inflação, diz Ipea

Os preços dos alimentos e das bebidas têm sido os maiores responsáveis por pressionar a inflação para cima do centro da meta desde 2007, seguidos pelos preços dos serviços, aponta estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta quinta-feira (21).

Enquanto isso, os preços monitorados (como combustíveis, telefonia e energia elétrica) e dos produtos industrializados (como vestuário e automóveis, excluindo alimentos e bebidas) tiveram comportamento oposto, aliviando as pressões inflacionárias e ajudando a controlar a inflação, diz a pesquisa.

A análise do Ipea foi feita por meio da decomposição da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo ’A dinâmica da inflação brasileira: considerações a partir da desagregação do IPCA’ discute a dinâmica inflacionária brasileira na última década, com maior detalhamento no período desde 2007.

“Os efeitos da alta internacional dos preços de commodities sobre os alimentos comercializáveis nos últimos anos, com a exceção de 2009, e do fortalecimento do mercado interno e aquecimento da economia sobre o grupo como um todo têm levado as taxas de variação dos preços de alimentos e bebidas a níveis muito acima da meta de inflação”, diz o estudo.

O maior peso, cerca de 12% do IPCA, é o dos alimentos e bebidas do tipo comercializáveis, ou seja, aqueles que são exportados ou importados, como carnes, arroz, bebidas e alimentos industrializados.

Serviços
O Ipea ressalta, ainda, que o fortalecimento do mercado interno com as políticas de redistribuição de renda, combate à pobreza e expansão do crédito também teve implicações sobre a inflação. “Observa-se que as taxas de variação no agrupamento serviços, cujos preços são particularmente sensíveis ao salário mínimo e à redução do desemprego, foram superiores ao centro da meta de inflação em todos os anos”, aponta a pesquisa.

Dentro de serviços, o subgrupo que mais tem pressionado o IPCA é o das despesas pessoais, principalmente o item serviços pessoais que, de 2007 a junho deste ano, sempre respondeu por no mínimo um terço de toda a pressão dos serviços.

Nesse caso, o subitem mais importante é empregado doméstico, com peso médio no IPCA de 3,15%. Junto com cabelereiro, manicure e pedicure, com peso de 1,28%, eles totalizam 4,43%, a maior parte dos 5,3% do peso de serviços pessoais, diz o estudo.

Produtos industrializados no sentido oposto
O estudo do Ipea mostra, ainda, que os preços dos produtos industrializados em geral atuaram no sentido oposto, aliviando as pressões inflacionárias dos alimentos e serviços. A evolução favorável ocorre em razão da apreciação do câmbio e de ganhos de produtividade.

“Nos últimos anos, os produtos industrializados têm apresentado taxas de variação de preços inferiores ao centro da meta de inflação e IPMI [Índice de Pressão sobre a Meta de Inflação] entre -0,09 e -0,57”, ressalta o Ipea.

Combustíveis
A categoria combustíveis, que abrange os veiculares e os domésticos, também tem ajudado a controlar a inflação. “Em 2007, 2008 e 2010 sua taxa de variação esteve abaixo inclusive da banda inferior da meta de inflação, apresentando IPMI [Índice de Pressão sobre a Meta de Inflação] negativo entre -0,30 e -0,15”, diz o estudo.

Habitação
Já os grupos habitação e artigos de residência têm exercido pressão crescente ano a ano. O item de maior peso é o do aluguel e condomínio, com quase 5% do IPCA. “A elevação do aluguel está ligada tanto ao aquecimento do mercado imobiliário quanto à indexação de contratos ao IGPM. Já o valor do condomínio provavelmente deve-se em parte aumentos de custos salariais”, avalia o estudo.

Fonte: G1