A presidente Dilma Rousseff vai encontrar-se com os representantes das centrais sindicais, provavelmente na semana que vem, para abrir uma pauta de negociações com os representantes dos trabalhadores. E encaminha nos próximos dias ao Congresso Nacional a medida provisória que reajuste em 4,5% a tabela do Imposto de Renda.
O encontro com os sindicalistas está sendo acertado com o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho. O reajuste da tabela será redigido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Segundo assessores da presidente, vencida a batalha no Congresso para a aprovação do salário mínimo de R$ 545, o governo precisa abrir um novo canal de diálogo com os sindicalistas.
O reajuste da tabela do IR está na pauta das centrais, mas sobre ela o governo também será inflexível, dando apenas os 4,5% de reajuste ao invés dos 6,46% que defendem os sindicalistas. O consenso entre os dois lados virá na elaboração de um plano de longo prazo para melhorar a vida dos aposentados.
Interessa ao governo criar um plano de melhoria da vida dos aposentados, como antecipou o Valor. Um dos principais itens na discussão será a redução no preço dos medicamentos, considerado o item mais oneroso para a faixa da população acima dos 60 anos.
O governo já tornou gratuitos os medicamentos para hipertensão e diabetes nas farmácias populares e nas redes particulares que aderiram ao programa. A intenção, a partir de agora, é ampliar mais esta lista.
Embora não esteja em debate neste momento, o governo não descarta também fazer uma proposta para reajustar os benefícios.
Não os 10% defendidos pelas centrais, percentual considerado utópico em tempos de cortes profundos e reordenamento orçamentário. Mas se a negociação tiver êxito, poderá ser encontrada uma fórmula de progressão crescente, a exemplo do que aconteceu com o salário mínimo.
Ao se encontrar com as centrais, além de cumprir a promessa feita pelo próprio Gilberto Carvalho durante as reuniões para negociação do salário mínimo, Dilma pretende também retomar as relações políticas com uma base forte do governo Lula e que estava se sentindo desprestigiada pelo novo governo. Tanto que vários representantes do sindicalismo – especialmente os integrantes da Força Sindical – reclamavam que eram melhor tratados pelo antecessor do que por Dilma.
O presidente da CUT, Artur Henrique, admitiu que a relação com Lula era mais fácil porque ele tinha origem sindical. Mas acrescenta que a presidente Dilma também tem uma militância próxima aos anseios dos trabalhadores.
Além de negociar a tabela do IR e os benefícios para os aposentados, a CUT pretende pressionar o governo a ratificar a convenção 158 da OIT, que define normas mais justas para a demissão por justa causa, e a Convenção 151, que estabelece a negociação coletiva para o setor público.
Fonte: Valor Econômico