O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta segunda-feira (16) que o ajuste fiscal “é uma unanimidade entre as classes produtoras”, após encontro com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.
O governo trava uma batalha no Congresso para conseguir reduzir a desoneração na folha de pagamento de alguns setores da indústria que haviam sido beneficiados, medida que integra o pacote de ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas, que fecharam em déficit primário em 2014.
“A recepção [dos empresários] foi muito boa. Foi uma conversa muito tranquila, de transparência, e eu acho que a Fiesp evidentemente tem sempre um papel muito importante em apoiar o governo, mas também em trazer sugestões, e acho que isso nós conseguimos em grande medida”, disse Levy à imprensa.
Participaram do encontro os empresários Abílio Diniz (BRF), Jorge Gerdau, Carlos Alberto de Oliveira Andrade (Caoa), além do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e Antonio Delfim Neto.
Skaf
Após a reunião com o ministro, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse à imprensa que o ajuste fiscal é “quase uma unanimidade” entre o setor empresarial, mas admitiu haver divergências entre a classe produtiva e as propostas do governo.
“O que não é unanimidade é a forma de fazer o ajuste fiscal. Na visão nossa, ajuste fiscal você pode fazer ou reduzindo a despesa ou aumentando a receita, e esse é o ponto em que nós divergimos”, defendeu.
Skaf reiterou que a classe empresarial discorda do aumento de impostos adotado recentemente pelo governo, referindo-se ao corte nas desonerações da indústria. “Nós queremos que seja feito um ajuste fiscal no sentido de redução de despesas, e não de aumento de receitas”, disse o presidente da Fiesp. “A sociedade não aguenta mais pagar impostos”.
‘Não vai ser difícil’
Pela manhã, falando em evento na Associação Comercial de São Paulo, Levy afirmou que as medidas de ajuste nada mais são que uma adaptação a uma nova situação e que, se houver coragem, “não vai ser difícil” executá-las.
“Se a gente tiver coragem, não vai ser difícil. Se a gente fizer rápido, vamos ter resultado rápido. Se ficarmos com medo, a gente paralisa. Agora a hora é de ter confiança. A primeira coisa é ter as contas públicas em ordem. Temos uma porção de outras coisas que podemos fazer, e vamos ter sucesso”, afirmou Levy, durante encontro nesta segunda-feira (16), na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Ajustes
Desde o final do ano passado, o governo da presidente reeleita Dilma Rousseff adotou um duro ajuste fiscal baseado em revisão de regras de benefícios trabalhistas e previdenciários, fim de repasses do Tesouro a bancos públicos, redução de crédito subsidiado, revisão de desonerações e aumento de impostos.
As medidas visam a reordenar as contas públicas e fazer o setor público voltar a registrar superávit primário. O ajuste fiscal, que enfrenta resistências dentro do governo e na base aliada do Executivo, vai impor um cenário restritivo a curto prazo, reforçando o contexto atual de esfriamento da economia.
FONTE: G1