O governo mexeu na tributação do setor de cosméticos. Agora, além das indústrias, também os atacadistas vão ter que pagar o IPI. Quando a situação financeira aperta em casa, uma das alternativas é cortar o que é menos importante. Então, dá para diminuir a compra dos produtos de beleza, certo?“Não! Arroz e feijão. Corta no arroz e feijão”, avisa a operadora de caixa Kátia Maria Ramos.“A gente cuida do cabelo, cuida das mãos, a gente quer estar sempre bonita”, defende uma mulher.
Para o setor, esse comportamento não tem nada de superficial: “Ele é um setor que mexe com a autoestima, mexe com o bem estar das pessoas e no final disso tudo é saúde”, avalia Cesar Tsukuda, diretor superintendente da Beauty Fair.
Um dos indicativos de que o brasileiro não considera de forma nenhuma produtos de beleza supérfluos está no próprio desempenho da indústria do setor, que, historicamente, não vem sendo afetado pelas crises. No ano passado, por exemplo, a indústria como um todo foi mal, a economia ficou estagnada, mas o setor de cosméticos fez bonito.
O setor vem crescendo a uma média de quase 10% ao ano. Os números de 2014 ainda não estão fechados, mas a previsão da indústria é de crescimento de quase 12%. Enquanto a projeção do próprio governo, é que a economia do Brasil cresça 0,5% em 2014.
Agora, o segmento vê esse crescimento ameaçado pela decisão do governo. A indústria de cosméticos já paga o IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados. O governo vai taxar também com IPI o atacado, que é quem faz as vendas das indústrias para as lojas. Representantes do setor afirmam que essa é uma cobrança dobrada, que vai sobrar para o consumidor.
“Eu acho um pouco injusto a questão do setor pagar um preço pela eficiência dele. Seguramente um aumento de tributos será repassado de forma integral para o consumidor, que será o grande penalizado”, afirma Cesar Tsukuda.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse, na segunda-feira (19), que a adoção do IPI no atacado é uma forma de tornar mais organizada a cobrança de impostos no setor de cosméticos. E que isso vai ter um efeito pequeno na arrecadação federal.
Fonte: Portal G1/Jornal Nacional