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10/09/2014

CULTURA: Carimbó ganha registro como Patrimônio Cultural Brasileiro

Definida nos versos de uma das mais conhecidas canções do gênero como “a dança que se dança só, batendo as mãos e também os pés”, o tradicional carimbó está prestes a virar Patrimônio Cultural do Brasil. Nesta quinta-feira, 11, será realizada, em Brasília, a partir das 10 horas, a reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que finalmente irá deliberar sobre a titulação do ritmo paraense como patrimônio imaterial nacional.

Para comemorar o processo, que poderá decidir em favor do registro oficial desse bem cultural junto ao IPHAN, será organizado um Ato Comemorativo em Belém, também neste 11 de setembro, promovido pela coordenação da Campanha do Carimbó, em parceria com o Governo do Estado – via Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves. “A Fundação é conhecida principalmente por isso, por apoiar eventos da cultura popular. E ao contrário do que acontece com outros grupos – como quadrilhas e pássaros juninos e as pastorinhas natalinas – o carimbó independe de um período do ano para ganhar destaque”, explica Lucinnha Bastos, diretora de Interação Cultural da FCPTN.

A grande festa, intitulada ‘Carimbó do Meu Brasil’, começa bem cedinho, às 6 horas, em Belém e em mais 22 municípios, de onde vão sair as caravanas com grupos e mestres envolvidos na campanha que resultou no processo feito junto ao IPHAN, que promete chamar todos para a comemoração, com fogos de artifício e muita batucada. Em Belém, a celebração inicia na Feira do Ver-o-Peso, com uma alvorada de fogos, ao som do Grupo Sancari, do bairro da Pedreira, fundado há 17 anos. “Vamos promover um momento alegre, com carimbó de raiz. Nossa intenção é convidar as pessoas para participar da programação neste dia tão especial para nós. Esperamos que a luta de quase dez anos chegue ao fim, pois esse é um passo significativo para os artistas”, lembrou o coordenador e percussionista do Sancari, Lucas Bragança, 53 anos.

Para a manifestação cultural são aguardados mais de 60 grupos de carimbó de regiões como Ilha do Marajó, Salgado, Bragantina e Metropolitana de Belém, que vão se apresentar em um palco montado na Praça do Povo, do Centur. A programação é gratuita e está prevista para ocorrer durante todo o dia até as 20 horas. “Essa campanha tem sido benéfica para o carimbó, porque pela primeira vez nós temos um segmento de cultura popular tradicional organizado de forma coletiva no âmbito estadual – o que não havia antes. Cada grupo trabalhava de forma isolada, em sua comunidade, não se conhecia e nem interagia. Agora temos uma rede que fortaleceu o ritmo como um todo. Já com o registro, além do reconhecimento em âmbito nacional, esperamos pela geração de políticas públicas específicas para o carimbó, porque quando se registra o patrimônio, automaticamente se garante uma responsabilidade jurídica do Governo Federal”, reforçou o coordenador da campanha, Isaac Loureiro.

Para mais informações sobre a campanha e a programação desta quarta-feira, basta entrar em contato pelos números (91) 8191-6690 / 9993-2613, mandar email para carimbopatrimonioculturalbr@gmail.com ou ainda acessar o endereço eletrônico www.facebook.com/campanhadocarimbo.

Processo

Por representar as tradições e os costumes locais, em 2009, a dança do carimbó foi declarada Patrimônio Cultural e Artístico do Estado, por meio da Lei nº 7.345, passando a ser incluída nos calendários histórico, cultural, artístico e turístico do Pará. O pedido de registro junto ao IPHAN foi apresentado pela Irmandade de Carimbó de São Benedito e associações culturais Japiim, Raízes da Terra e Uirapuru. Desde lá, criou-se a campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”.

O Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN e a superintendência do órgão no Pará conduziram o processo de registro e acompanharam as pesquisas para a identificação do carimbó em diversas regiões do Estado, entre os anos de 2008 e 2013. Na reunião em Brasília não será votado apenas o registro do carimbó. Para a decisão favorável, serão levados em conta se os bens culturais em questão são referências dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, e se são recriados pelas comunidades e grupos em função do ambiente e da interação com a natureza e história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Para a superintendente do IPHAN no Pará, Maria Dorotéa de Lima, há uma grande expectativa para que o resultado seja positivo, já que muitos serão beneficiados. Após o registro, será estabelecida uma política federal de reconhecimento e valorização do patrimônio cultural brasileiro, além da implementação de um plano de salvaguarda que assegure as condições de transmissão e reprodução do bem. “O registro traz também a possibilidade de acesso a recursos por meio de editais específicos de fomento às iniciativas de fortalecimento e divulgação dessa forma de expressão, dando maior visibilidade àqueles para os quais a vida cotidiana é indissociável do carimbó”, assegurou.
FONTE: Secretaria de Estado de Comunicação