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20/11/2014

Dia da Consciência Negra no Fisco Pará

Sindifisco celebra a necessidade de superação da irracionalidade racial.  O Brasil atingiu pela estimativa divulgada em agosto deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) uma população de 202,7 milhões de pessoas, sendo que a maioria se declara negra e parda. Na Secretaria da Fazenda do Estado do Pará (Sefa), a realidade retrata em parte a miscigenação brasileira: homens e mulheres negras ocupam cargos e orgulham-se da identidade. Para lembrar e apoiar a luta pela igualdade racial, neste 20 de novembro comemora-se nacionalmente o Dia da Consciência Negra.

A celebração da data foi instituída em 2003 pela Lei Federal 10.639.  Esse dispositivo legal inseriu o evento no calendário escolar e recomenda o estudo da cultura afro nas escolas. A data assinala a morte do líder do Quilombo de Palmares, Zumbi, eliminado em 1695 em confronto com as forças portuguesas por defender a liberdade dos negros, no reduto de Quilombo de Palmares (AL).

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Marlon, Regina e Charles

Neste 2014, o país, que há pouco mais de 100 anos rompeu com a escravidão do povo negro, continua a debater o racismo ao testemunhar episódios de discriminação, como os praticados contra os jogadores de futebol Tinga e Aranha, ou pelos dados do Diesse que afirmam: os jovens negros são o que mais morrem em decorrência da violência, ou ainda por pesquisas do mercado de trabalho que apontam que o homem negro ganha em média 36% a menos que o não negro. Para a mulher negra, o quadro é ainda pior.

“Somente com o fortalecimento da autoestima do negro, desde a infância, no núcleo familiar, aliado a uma educação que o habilite a concorrer igualitariamente, em todo e qualquer processo de ascensão, veremos a diminuição dos que ficam à margem da sociedade”, opina a fiscal de receitas estaduais Regina Monteiro.

Auditor do Fisco estadual há 21 anos, Charles Alcantara ocupou por dois mandatos o cargo de presidente do Sindicato do Fisco Estadual do Pará (Sindifisco-Pa), chegou a ser chefe da Casa Civil do Estado e é diretor de Comunicação da Federação Nacional do Fisco (Fenafisco). Ele relata episódios de racismo pelos quais já passou, mas quando fala em igualdade racial enfatiza a desnecessidade do ícone.

“O grande desafio do Brasil, um país diverso étnica e culturalmente, multirracial, é o de enxergar o negro em todas as posições da sociedade. Acho que o ideal de sociedade é nós enxergarmos a multirracialidade que não vemos por falta de oportunidade. Então, essa data da consciência negra é exatamente para que nós, não apenas os negros, mas a sociedade toda, percebamos que viveremos num país melhor quando todos, negros, mulatos, brancos, índios, tiverem as mesmas oportunidades. Que os ícones sejam ícones, mas que não continuem a ser a exceção”, declarou.

Empossado por aprovação no concurso de 2014, o fiscal de receitas Marlon avalia que é importante debater o tema, pois, segundo ele, existe preconceito velado no Brasil. Discutir o tema é tabu, acredita. “Algumas pessoas têm coragem de expor seu racismo, outras não; outras nem sabem que tem, não avaliam como sendo racismo”, observa.

Para o presidente do Sindifisco, Antônio Catete, é dever de todo cidadão envolver-se nas causas sociais. “Temos que tentar criar mecanismos para superar a irracionalidade que algumas pessoas mantêm. Um desses mecanismos é a educação e a informação. Por isso, é importante que entidades representativas dos trabalhadores, de empresários e os governos tenham iniciativas como essa: conscientizar por meio de matérias jornalísticas, campanhas publicitárias, testemunhais em rádio, entre outras ações, para debatermos o tema”, analisa.