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05/03/2020

Aumenta o feminicídio no Brasil

Em 2017 a média foi de 13 mortes por dia. O Pará é o sexto mais violento.

Para usar um termo da moda, a violência contra a mulher não é mimimi. Ela é real e assustadora porque vem aumentando nos últimos anos, principalmente o feminicídio (assassinato de mulheres), conforme atesta o Atlas da violência 2019, organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

violencia contra a mulher

A pesquisa analisou os casos registrados de mortes violentas em todo o Brasil entre os anos de 2007 e 2017 e tem um capítulo dedicado aos assassinatos de mulheres. Os dados coletados acendem vários sinais de alerta para a sociedade e uma coisa é certa: se você é mulher ou quer contribuir para reduzir a violência contra as mulheres não pode ser a favor da liberação do porte de armas porque as pessoas do sexo feminino são um dos alvos preferenciais e, se for negra, o risco é ainda é maior.
Em 2017, quase cinco mil mulheres (4.936) foram assassinadas no Brasil, o que dá uma média de 13 crimes por dia. Desse total, 3.288 eram negras (66%). Outras 221 mil sobreviveram e procuraram as delegacias de polícia para registrar as agressões, mas este número pode ser bem maior porque a maioria das vítimas ainda tem medo ou vergonha de denunciar.
Uma das provas que o feminicídio vem crescendo no país é que um balanço dos últimos 10 anos aponta que, enquanto os crimes praticados fora da residência reduziram em 3,3%, os assassinatos dentro de casa cresceram 17,1%. Só em 2017, 1.407 mulheres perderam suas vidas no lar, sendo que 583 foram vítimas de tiro. Aliás, neste mesmo ano, as armas de fogo foram usadas para matar 2.583 brasileiras, o que significou um aumento de 10% em comparação com 2016.
E mais um detalhe: O Brasil possui 26 estados e um distrito federal. Na década pesquisada, o Pará é o sexto estado com maior número de feminicídio (empatado com o Espírito Santo), apresentando a média de 7,5 assassinatos por grupos de 100 mil mulheres, número bem acima da média nacional que ficou em 4,7%.
Aqui, dentro do nosso estado, 311 mulheres foram mortas por homens em 2017 e 286 eram negras.

Dica cultural:
Livro: Mulheres Empilhadas (Patrícia Melo). Editora Leya, 2019. Trata-se de um romance que aborda o tema da matança de mulheres no Brasil. Apesar de ser uma ficção, os personagens são reais. Fala de uma jovem advogada paulistana que vai acompanhar um mutirão de julgamentos de casos de feminicídio e acaba descobrindo um Brasil que ela não conhecia.