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24/05/2011

Fim das sacolas na conta do consumidor

Na casa onde trabalha a doméstica Claudia Brasil, o espaço ao lado da máquina de lavar tem função específica: armazenar as sacolas plásticas que trazem as compras do supermercado. Geralmente acumulam-se de 30 a 50 sacos, mas já houve momentos de contabilizar quase 100 deles. “Logo que fazem as compras do mês, fica um monte guardado, aí nas tarefas do dia a dia é que eu vou colocando no lixo, guardando dentro objetos que não usam com frequência e até levando uns para minha casa, porque meus sobrinhos utilizam pra fazer pipa”, comenta.

Com a aprovação da Lei 289/2007, de autoria do deputado Márcio Miranda (DEM), na última quarta-feira. Entretanto, esse é um hábito que deve ser desestimulado. A matéria aprovada torna obrigatória a utilização de plástico oxibiodegradável nas embalagens distribuídas pelos estabelecimentos comerciais do Pará e prevê já no primeiro ano de vigência pelo menos 10% das embalagens ambientalmente corretas. Percentual que chegará a 50% nos próximos 5 anos. Ou seja, as sacolas de plástico tradicionais estão com os dias contados e a população deve começar a buscar suas alternativas.

“Vamos ter que comprar sacos de lixo e andar com as ecobags, que por sinal já tenho, mas quase não uso”, diz a autônoma Cristina Castelo Branco.

Frequentadora diária de um supermercado no bairro da Cidade Velha, ela sabe da importância em cuidar do meio ambiente e parabeniza a iniciativa dos parlamentares, mas admite que é um comportamento que só será adquirido sob pressão. “Se não for lei, as pessoas continuarão mantendo os mesmo costumes. Tem que ser obrigatório para o povo dar seu jeito”, admite.

SOBROU PRA QUEM?

Para o presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), José Oliveira, o impacto da mudança será grande e pode ser repassado ao consumidor. “As sacolas oxibiodegradáveis custam quase o dobro das tradicionais. Estamos analisando como se adequar à norma sem cobrar a mais dos clientes”, garante. Como opção sem custos, ele sugere as embalagens retornáveis, vendidas em todos os estabelecimentos conveniados à associação. “Comercializamos ao mesmo preço que adquirimos, em torno de R$2.20, mas até esses produtos estão ficando mais caros também”, comenta.

E é justamente o possível aumento de preços que levanta críticas no soldador mecânico Xavier Gonçalves. “Supermercados não vão dar de graça, eu não vou pagar a mais e quem vai fiscalizar? Se for pra população arcar com mais essa despesa, o projeto não vai dar certo”, opina.

Funcionário de uma rede de supermercados, Paulo Fernando conta que alguns clientes já trazem suas próprias sacolas, mas ainda é um número pequeno. “A maioria faz questão da sacola de plástico e com certeza vai reclamar se tiver que pagar a mais pela outra”, afirma.

Concordando com o colega de profissão, Nilson Miranda diz que o problema está na falta de conscientização. “A população reclama da sujeira, calor, água e não faz nada para salvar o meio ambiente. É aquela velha frase, o melhor remédio é a prevenção, mas poucos se preocupam”, afirma.

Fonte: Diário do Pará