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10/06/2020

O risco do uso político da PF

O presidente do Sindifisco/Pará se posicionou sobre a operação da Polícia Federal no estado.

Diante da operação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta-feira (10), tendo como alvo o governador Helder Barbalho, o presidente do Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do Pará (Sindifisco/Pará), Charles Alcantara, divulgou uma carta aos auditores e fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) mostrando- se pessoalmente preocupado com o risco de uso político da Polícia Federal.

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Embora defenda a apuração rigorosa de qualquer suspeita de uso indevido dos recursos públicos, Alcantara se declara inquieto com o espetáculo em que as operações policiais se transformaram. “Na hora de expor, levantar suspeitas, “mostrar serviço“, o espetáculo; nos casos, que não são raros, em que as suspeitas não se confirmam, o silêncio, uma notinha de rodapé, quando muito. Que a verdade – de verdade – não se demore”. Leia abaixo a mensagem na íntegra:

Prezados colegas do Fisco Estadual do Pará,

Em razão da operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira, 10, no bojo da apuração de fraude na aquisição de respiradores pulmonares pelo Governo do Estado do Pará, sinto-me no dever de compartilhar com vocês a seguinte opinião, que se mistura a sentimentos:

Em primeiro lugar, qualquer suspeita – por mínima que seja – de mau uso ou desvio do recurso público, seja por conduta ilícita, desidiosa ou coisa que o valha – deve ser apurada. É isso que a sociedade espera das Instituições numa democracia.

Não posso negar, todavia, a minha inquietação e angústia profundas diante dos fortes indícios e até mesmo das evidências de que está em curso uma disputa sobre os rumos da gloriosa Polícia Federal. De um lado, os que querem afirmar a PF como uma Instituição de Estado; do outro, os que a querem como aparelho político para proteger amigos e familiares e perseguir críticos e desafetos.

Inquieta-me o espetáculo sinistro em que se transformaram as operações policiais. Na hora de expor, levantar suspeitas, “mostrar serviço“, o espetáculo; nos casos, que não são raros, em que as suspeitas não se confirmam, o silêncio, uma notinha de rodapé, quando muito.

Que a verdade – de verdade – não se demore.

Charles Alcantara
Presidente do Sindifisco Pará