Notícias

27/11/2013

Painel no Conafisco condena divórcio da grande mídia com os movimentos populares no Brasil

Após participar do 19° Curso de Comunicação do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e ser eleito na terça-feira, 26, diretor de Comunicação da Federação Nacional do Fisco (Fenafisco), o presidente do Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do Pará (Sindifisco-PA), Charles Alcantara, compôs nesta quarta-feira, 27, a mesa que debateu o tema “Mídias sociais e os movimentos populares”, apresentado durante o IV Painel do XVI Congresso Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Conafisco), em Foz do Iguaçu (PR).
 
Alcantara discutiu a importância da comunicação na atuação sindical e a necessidade da modernização do canal de difusão de informação entre sindicato e filiados, sindicatos e a sociedade. Além do novo diretor de Comunicação da Fenafisco compuseram a mesa o coordenador do NPC, Vito Gianotti; Arthur Willian, integrante do NPC, Raíssa Galvão, integrante do grupo de “mídialivrismo” Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação – Mídia Ninja.
 
Na visão de Vito Gianotti, dedicado à comunicação ativista e engajada, a importância da comunicação sindical é a luta contra a hegemonia da grande mídia que atende apenas ao interesse daqueles que detêm poder econômico e criminaliza o trabalhador. Gianotti diz que para haver disputa entre a grande mídia e a mídia dos movimentos sociais é preciso que a comunicação se modernize na linguagem e na forma de gerar conteúdos. Se existe twitter, facebook, instagram, rap, mobilização nas ruas, os sindicatos também precisam estar lá – defende ele.
 
“Se quiser fazer um cartilha de educação fiscal, todo mês – uma boa cartilha – tem que traduzir o “fiscalês”. Se quer fazer pro povo em geral é preciso traduzir a linguagem especifica para uma linguagem mais cotidiana – e é uma arte traduzir. Não adianta falar em Paris: casa, por exemplo, é necessário dizer Meson”, provoca Vito, italiano radicado no Rio de Janeiro e autor do livro “O que é jornalismo sindical”.
 
Investimento
 
Integrante do curso do NPC, Arthur Willian falou sobre a necessidade de se estruturar as redações sindicais, agregando outros profissionais para a construção de um setor de comunicação completo, contendo designers, publicitários, mídias sociais e fotógrafos.
 
William indicou que o Fisco, por ser um tema denso e em sua maioria desconhecido do grande público, necessita investir na comunicação para torná-lo comum. “Se tu fores analisar os investimentos dos governos municipais, estaduais ou federais – que têm que tratar de temas polêmicos – a conclusão é que investem cada vez mais em comunicação. É o que o movimento sindical tem de perceber. Se o Fisco é tema distante da sociedade, os sindicatos ligados à arrecadação tributária têm que cada vez mais pensar em comunicação, se é que querem realmente comunicar”, ensinou.
 
O terceiro debate foi conduzido por Raíssa Galvão, integrante de grupo que está sendo muito debatido desde junho, quando explodiram os protestos nas ruas do país: os ninjas. Eles transmitiram em tempo real, sem corte e manipulações, por smartphones, tabletes e outros meios conectados à internet.
 
Raíssa trouxe o debate da importância da criação de novas narrativas através do protagonismo midiático (um agente filma, publica e compartilha um conteúdo com o objetivo da mobilização, da articulação, do compartilhamento de ideal). “Seja mídia, somos todos multimídias”, finalizou a ninja.
 
Além do debate sobre comunicação, houve ainda o quinto painel que discutiu o tema “PEC 186: Administração Tributária do Estado para aperfeiçoar o Brasil”. A discussão sobre a emenda constitucional que prevê a Lei Orgânica Nacional do Fisco teve como palestrantes Adriana Shier, especialista em Loat; o ex-ministro do STJ José Delgado e o professor Vasco Guimarães.