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13/02/2015

PR: Após protesto e confronto, governo retira “pacotaço” de tramitação

Sessão que analisaria a instalação de uma comissão geral para votar o projeto de medidas de austeridade foi novamente cancelada. Governo comunicou a retirada do projeto

O governo do Paraná comunicou na tarde desta quinta-feira (12) que vai retirar o projeto com medidas de austeridade, apelidado de “pacotaço”. Os deputados realizavam uma sessão sem a presença de público, no restaurante da Assembleia Legislativa do Paraná, quando manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar. O plenário da Casa está ocupado desde terça-feira (10).

Depois de muito mistério sobre o local onde seria realizada a sessão, os deputados chegaram à Assembleia em um ônibus da Tropa de Choque. Cercados por um cordão policial, eles foram escoltados ao interior do prédio.

A entrada dos parlamentares motivou a ira dos manifestantes, que entraram em confronto com os policiais militares. A polícia usou balas de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral. Mesmo assim, a multidão conseguiu avançar e entrou no local onde os deputados se reuniam. Há relatos de feridos no local.

Com o avanço dos manifestantes, a sessão foi interrompida. A intenção era analisar a aprovação do regime de comissão geral, que acelera o processo legislativo, para votar os dois projetos de lei propostos pelo governo Beto Richa (PSDB) ainda nesta quinta-feira. Os projetos incluem medidas de austeridade e a autorização de uso de R$ 8 bilhões da poupança do ParanáPrevidência pelo Executivo estadual.

Originalmente, as iniciativas previam a retirada de benefícios do funcionalismo público, o que desencadeou uma série de greves pelo estado. Professores estaduais e universitários, além de servidores da saúde, paralisaram suas atividades. Os agentes penitenciários também anunciaram que entrariam em greve caso o projeto fosse aprovado.

Após a retirada do projeto, os professores decidiram desocupar o plenário da Assembleia Legislativa. O grupo que se recusava a sair aparentemente teria aceitado acampar em frente ao Palácio Iguaçu.

Retirada

Por volta das 16h, o governo do estado informou que vai retirar o projeto.

“O Secretário-Chefe da Casa Civil vem por meio desta solicitar a retirada dos projetos PLC 06/2015 e PLO 60/2015 para reexame, e em virtude das manifestações ocorridas, também para garantir a integridade física e segurança das senhoras e senhores parlamentares”, diz o comunicado assinado pelo Diretor-Geral da Casa Civil, Alexandre Teixeira.

Os manifestantes, no entanto, permanecem no local. Eles exigem que os deputados assinem a retirada do projeto.

Feridos

A Secretaria de Segurança Pública informou que 11 pessoas ficaram feridas após o confronto entre manifestantes e policiais na Assembleia Legislativa. Segundo a Secretaria, seis manifestantes e cinco policiais ficaram feridos. Os servidores foram alvo de balas de borracha e gás lacrimogênio.

O secretário de Segurança, Fernando Francischini, disse que quatro policiais militares e quatro manifestantes ficaram feridos. Dos manifestantes, três foram feridos com balas de borracha e um desmaiou por causa do gás. Não foi informado como os policiais se machucaram.

Servidores deixam a Assembleia

Os servidores começaram a deixar a Assembleia por volta das 18h30. Muitos permanecem acampados no Centro Cívico, já que a greve dos servidores continua.

A Assembleia ficará fechada entre esta sexta-feira (13) e quarta-feira (19), quando será reaberta às 13h30. A direção da Casa fará um levantamento de possíveis estragos provocados pela ocupação dos manifestantes.

“Fizemos todo o esforço possível para evitar o confronto com manifestantes e cumprir o que prevê o Regimento Interno, que é a continuidade da tramitação e votação dos projetos”, afirmou o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB). “Evitamos usar força policial para retirar os manifestantes do plenário, mesmo com autorização judicial. Infelizmente, tivemos mais uma invasão hoje e decidimos encerrar a sessão para evitar conflitos com manifestantes e garantir a segurança dos parlamentares”.

As votações no plenário serão retomadas no dia 23 de fevereiro.

Fonte: Gazeta do Povo