O escândalo financeiro envolvendo a contratação do atacante brasileiro Neymar pelo Barcelona não é o primeiro, nem será provavelmente o último no mundo do esporte. Sonegação fiscal, caixa dois e acumulo ilícito de impostos são crimes comuns não apenas no futebol, mas também em outras modalidades esportivas.
Recentemente, outro craque do Barça foi denunciado por sonegação fiscal. O argentino Lionel Messi e seu pai Jorge Horacio Messi foram acusados de sonegar impostos à Receita Federal espanhola, referentes aos direitos de imagem do atleta, dos anos de 2007, 2008 e 2009.
O crime estourou na imprensa em 2013, mas as investigações já ocorriam há alguns anos. Na tentativa de finalizar o caso, o pai do jogador pagou mais de 5 milhões de euros (R$ 17 mi) de impostos atrasados. No ano passado, o Ministério Público espanhol resolveu retirar o argentino do processo por concluir que ele não sabia da situação.
Entretanto, em janeiro de 2015, o nome de Messi novamente apareceu ligado a escândalos financeiros. Assessor do jogador, Guillermo Marín revelou à Guarda Civil espanhola desvios de dinheiro de jogos beneficentes em que o atleta atuava. A polícia local segue investigando o caso para identificar todos os envolvidos.
Outro craque argentino envolvido em fraudes fiscais é o ex-jogador Diego Maradona. O Equitalia, órgão que fiscaliza pagamentos de impostos na Itália, acusa o argentino de sonegar 40 milhões de euros (R$ 138 mi), durante o tempo em que atuou no Napoli-ITA (1984-1991). A Polícia Financeira chegou até a confiscar brincos do ex-atleta, que foram leiloados em 2010, por 25 mil euros (R$ 85 mil).
Maradona vem se defendendo das acusações, ao alegar que o crime foi cometido pelo clube. O caso aguarda decisão judicial.
Rede de contratos paralelos e caixa dois também são outros crimes identificados no futebol internacional. Em 2014, a Justiça francesa desmascarou um esquema de superfaturamento e sonegação fiscal de clubes como o Paris Saint-German-FRA, Real Madrid-ESP e que teria ainda como envolvidos jogadores como o meia brasileiro Ronaldinho Gaúcho e o atacante Anelka, além do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke.
Após investigações, os ex-presidentes do PSG Laurent Perpere e Francis Graille foram condenados à prisão. Já Valcke e os dois jogadores foram inocentados do caso.
Na Itália, fraudes fiscais também são comuns entre os clubes de futebol do país. Na última semana, o Parma-ITA declarou falência, após acumular dívidas em torno de 75 milhões de euros (R$260 mi). O presidente do clube, Giampietro Maneti, foi preso, acusado de lavagem de dinheiro e uso de cartões de crédito clonados. A Justiça italiana determinou ainda a prisão de mais 21 pessoas que estariam envolvidas no crime.
Na temporada 2005/2006 do futebol italiano, quatro times foram denunciados por manipulação de resultados na Série A do Calcio. Como forma de punição, Juventus-ITA, Lazio-ITA e Fiorentina-ITA foram rebaixados à Série B. Já o Milan-ITA – outro envolvido-, teve que começar o campeonato seguinte com menos 15 pontos e foi proibido de jogar a Liga dos Campeões.
Após apelos de dirigentes, as penas foram abrandadas. A equipe de Milão começou a temporada com menos oito pontos e pôde retornar à Champions. Já Fiorentina e Lazio disputaram a Série A, mas com 19 e 11 pontos negativos, respectivamente. Apenas a Juve permaneceu na segunda divisão e teve que iniciar a competição com menos 17 pontos.
Os escândalos financeiros no esporte também ocorrem no Brasil. Em 2013, o ex-presidente do Corinthians Andres Sanchez e outros três dirigentes foram acusados de apropriação indébita de impostos, referentes aos anos de 2007 a 2011. Em agosto de 2013, o clube pagou R$15 milhões à Receita Federal e posteriormente Sanchez e os outros dirigentes foram inocentados.
Os crimes fiscais também estão presentes em outros esportes, como no tênis. Os duplistas italianos Daniele Bracciali e Potito Starace são alvo de investigação do Ministério Público da Itália por supostamente terem lucrado com apostas. Os dois atletas são suspeitos de alterar resultados de jogos para obterem ganhos ilícitos com apostas.
Bracciali e Starace estão suspensos pela Federação Italiana de Tênis até a conclusão das investigações.