Palestrante da USP reconhece em Belém que sindicato quebra paradigma. “No princípio, quando entrei no projeto era um aluno como qualquer outro. Quando você aprende sobre educação fiscal, sobre questões sociais e políticas se pode ir além. Minha visão como cidadão se transformou”. É assim que o estudante Ronielson Sandro, de 18 anos, refere-se aos resultados de sua participação no espetáculo “Auto da Barca do Fisco”, uma ação de educação fiscal premiada da Escola Estadual “Frei Ambrósio”, de Santarém. O Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do Pará (Sindifisco-PA) e a Associação do Fisco Estadual do Pará (Asfepa) viabilizaram a primeira apresentação do espetáculo em Belém. O evento cultural, em comemoração aos 15 anos do Programa de Educação Fiscal do Estado, aconteceu no Convento dos Mercedários na sexta-feira, 24.
Diretores do Sindifisco e da administração tributária do Pará ao lado
da equipe que encenou o “Auto da Barca do Fisco” (Fotos: Roberta Brandão)
Autoridades das administrações tributárias sediadas no Pará prestigiaram a iniciativa. O secretário de Fazenda, José Tostes Neto; o delegado da Receita Federal (RF) em Belém, Armando Farhat; coordenadora do Centro de Treinamento da Escola de Administração Fazendária (Centresaf), Altair Sampaio; e a secretária Finanças de Santarém, Regina Souza, representaram instâncias dos Fiscos federal, estadual e municipal. A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) mandou a professora Rosimeire Nogueira representá-la.
O presidente do Sindifisco, Antônio Catete, acompanhado do diretor jurídico Luiz Otávio Moraes e da diretora de Comunicação, Karla Lima, ouviu amplo reconhecimento pelo apoio à educação fiscal no Estado. “O Sindifisco e a Asfepa são nossos parceiros. Sempre nos ajudam. Estão sempre ao nosso lado. Sem essa ajuda não seria possível realizar o evento de forma completa”, diz a coordenadora do programa, Zilda Benjamin.
O evento teve a palestra intitulada “Educação fiscal e coesão” proferida pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Marcello Arno Nerling. Findou com apresentação do “Auto da Barca do Fisco”, dirigido e produzido e encenado por alunos de 11 a 20 anos da Escola Frei Ambrósio.
Na palestra, o professor da USP reconheceu o Sindifisco Pará como um sindicato que contraria o perfil tradicional de muitos organismos representativos. “Me parece que o Sindifisco e a Fenafisco começam a ser percebidos pela sociedade civil como entidades sindicais que superam o modelo tradicional de sindicalismo corporativista. E hoje você vê um sindicato romper o tradicional para se aliar a outros modelos de organizações, como a escola, em prol da disseminação da informação”, observou Marcello Nerling.
Para Antônio Catete, vivenciar a experiência de assistir crianças e adolescentes munidos de informações e criticidade sobre cidadania e Fisco comprova a importância do trabalho da educação fiscal. “Ao ver esses pequenos atores falando de temas árduos, com bom humor e propriedade, vejo como essencial que entidades como o Sindifisco apoiem iniciativas como esta desenvolvida pela Escola Frei Ambrósio e o Programa de Educação Fiscal”, analisou.
Barca do Fisco
O público formado por autoridades de governos, auditores e fiscais da receita do Estado, além de professores e estudantes, acompanhou atento às duras e irreverentes críticas que as crianças e adolescentes teceram na dramatização do roteiro adaptado a partir do texto de Marcilio Hubner Neto.
A peça teatral é baseada nas obras de Ariano Suassuna e Gil Vicente. A trama cômica passa pela explosão de um avião ocupado por políticos, empresários e outros figurões da sociedade que seguiam viagem de Santarém para Brasília. Com a morte trágica dos passageiros, o Anjo Gabriel e Lucefina iniciam uma divertida disputa pelas almas – um embate entre o bem e o mal perante São Miguel, numa espécie de júri divino.