\tA Associa\u00e7\u00e3o Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip) ajuizou uma A\u00e7\u00e3o Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4882), no Supremo Tribunal Federal (STF), contra dispositivos legais que autorizam a cassa\u00e7\u00e3o da aposentadoria de servidores p\u00fablicos. A entidade contesta o inciso IV do artigo 127 e o artigo 134 da Lei 8.112\/90, que disp\u00f5e sobre o regime jur\u00eddico aplic\u00e1vel aos servidores p\u00fablicos civis da Uni\u00e3o.<\/span><\/span><\/div>\n

\tO primeiro dispositivo fixa como penalidade disciplinar a cassa\u00e7\u00e3o de aposentadoria ou a disponibilidade do servidor. J\u00e1 o artigo 134 da Lei 8.112\/90 determina que ser\u00e1 cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta pun\u00edvel com a demiss\u00e3o.<\/span><\/span><\/div>\n

\tNa ADI, a associa\u00e7\u00e3o contextualiza a hist\u00f3ria da aposentadoria no Brasil e explica que as disposi\u00e7\u00f5es previstas na lei em quest\u00e3o poderiam ser aplicadas segundo as regras previstas no s\u00e9culo passado, “quando as aposentadorias eram uma benesse do Estado”. No entanto, a Anfip destaca que hoje esses dispositivos s\u00e3o inconstitucionais porque a aposentadoria \u00e9 uma “contrapresta\u00e7\u00e3o estatal decorrente da exclusiva contribui\u00e7\u00e3o do pr\u00f3prio servidor p\u00fablico”. Assim, a penalidade prevista nos dispositivos contestados torna-se “verdadeiro enriquecimento il\u00edcito da Uni\u00e3o”.<\/span><\/span><\/div>\n

\tSegundo a associa\u00e7\u00e3o, diante do poder-dever do Estado de punir servidores que incorram em algum il\u00edcito, seria o caso de a Administra\u00e7\u00e3o P\u00fablica n\u00e3o conceder a aposentadoria e, em consequ\u00eancia, ressarcir as contribui\u00e7\u00f5es realizadas. “Todavia, preenchidos os requisitos para a concess\u00e3o e concedida a aposentadoria pelo ente estatal, tem-se, no caso, caracterizado o ato jur\u00eddico perfeito”, alerta.<\/span><\/span><\/div>\n

\tDiante desses argumentos, a Anfip afirma que as regras legais violam o princ\u00edpio constitucional da seguran\u00e7a jur\u00eddica, do devido processo legal, da razoabilidade, da proporcionalidade e da dignidade humana. A entidade acrescenta a essas viola\u00e7\u00f5es constitucionais a possibilidade de dano certo e imediato ao servidor, o desrespeito ao direito adquirido e, no caso de pensionistas, afirma que pena “passar\u00e1 da pessoa do suposto servidor apenado”.<\/span><\/span><\/div>\n

\tNo STF, a associa\u00e7\u00e3o requer a concess\u00e3o de medida cautelar para suspender a efic\u00e1cia dos dispositivos. No m\u00e9rito, pede que seja julgada procedente a a\u00e7\u00e3o para declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos impugnados.<\/span><\/span><\/div>\n

\tO relator do processo no STF \u00e9 o ministro Gilmar Mendes.<\/span><\/span><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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